O dia em que eu fui parar na delegacia
Epílogo
Eu acho que isso começou no dia em que eu nasci. Quando somos todos
divididos entre namoráveis e inamoráveis. Eu fui arremessada sem dó para
junto daqueles destinados a viver a pior das vidas amorosas. Eu até
passei a entender essa dinâmica. Não dá para todo mundo se dar bem. É
matematicamente impossível.
Então, voltando, eu nasci numa cidade absurdamente fria. Cheia de
idosos e de praças. Cresci, praticamente, com as mesmas pessoas. Eram
sempre os mesmos... Apesar de que eu sempre tive uma facilidade enorme
para me apaixonar por rostos inesperados. Mas a essa altura da vida eu
já não me lembro mais quem foi o primeiro.
O ponto principal da questão, no entanto, é o meu bloqueio em chegar
até a pessoa. É, nem sempre a pessoa chegava a saber da minha paixão.
Porque eu era muito tímida... E também porque meu pai sempre me disse
que namorar era errado, que era coisa de gente que ia acabar
engravidando antes dos quinze. Eu devia ter uns sete anos quando ele me
disse isso pela primeira vez.
Eu não sei, realmente, como acabei fazendo essa péssima escolha. Meu
primeiro namoro foi bem abusivo. O segundo quase acabou com umas
amizades. E aí veio ele e tudo me parecia muito certo.
Pensando bem, foi uma atitude bem estúpida ter me casado com alguém que
eu conheci no último ano de faculdade. Não se faz esse tipo de coisa.
-
Senhora ! - A mulher alta e forte sentada a minha frente estava me
olhando um pouco irritada. Eu sorri, o que também se revelou ser uma
péssima escolha. - Eu só perguntei o que a senhora tinha na cabeça
quando decidiu destruir sua própria casa e colocar fogo em todos os
pertences do seu marido.
-Noivo - Eu a corrigi.- Ex...noivo. - A policial respirou fundo.
-Eu
peguei ele me traindo com minha sócia, e melhor amiga. - A mulher
pensou um pouco, deu de ombros como se aquela história toda fosse muito
normal, carimbou um papel, entregou-o a mim e me mandou embora.
Ao sair da sala eu me deparei com meu ex noivo no final do corredor,
quando me viu seu rosto ficou vermelho de raiva e ele se levantou
gritando, mas dois policiais o seguraram pelos braços. O papel que a
policial que entregara dizia que eu deveria comparecer a duas sessões de
terapia por semana, durante um semestre inteiro.
Meu celular tocou. Respirei fundo antes de atendê-lo.
-Oi ! Eu sei, eu sei que foi loucura. O que aconteceu comigo? Ah ... essa é uma longa história.
* Se quiser continuar acompanhando essa história, clique em "história 1" aqui em baixo e aproveite.
1 comentários
Achei bem instigante, e um tanto cômico haha. A protagonista me pareceu legal, meio aleatório, engraçada e decidida. Vou ler as outras partes sim :D
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