Decidi cortar uma franja

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Não tenho idade suficiente para sofrer de crise existencial, mas já faz tempo em que me encontro em uma. Tem meses que já não me identifico com as roupas que visto, os esmaltes que passo e as músicas que escuto. Não é de agora que ando percebendo as incontáveis coisas que deixei pra lá. Me lembro da última vez em que observei as estrelas com aquele ar de astrônoma amadora. Não faço isso desde 2014. Ainda não tinha parado para fazer a conta do número de pessoas que passaram por mim. Quantas ficaram e quantas tiveram que ir. Não vivi aventuras extraordinárias nos últimos tempos, não tenho histórias de superação que dariam filmes e que me levaram a essa filosofação repentina. Nada diferente daquilo que todo mundo um dia vai passar. É só que é a primeira vez que isso tudo acontece comigo. Pra mim foi estranho me olhar no espelho um dia desses e perceber que aquela imagem estava errada, que ela não era compatível com o que minha mente pensava. Foi ai que meu cérebro entrou em pane. Não dá pra saber exatamente quem eu sou, só consigo pensar em quem eu fui e me apegar a todas aquelas caractrísticas que eu amo muito, mas que já ficaram para trás. 
Tive uma dessas fases quando terminei a escola, o que já faz cinco anos, tempo demais para quem viveu tão pouco. Tem coisas que já não se encaixam mais nas minhas conversas, porque pra mim elas aconteceram faz muito tempo. Não muito tempo contando em anos, muito tempo contando em Amandas. Meu primeiro crush já faz muito tempo, meu ensino médio e meu primeiro beijo também, meu primeiro coração partido, minha primeira menstruação então...Na minha cabeça é como se todas essas primeiras vezes da adolescência tivessem acontecido a muito tempo. E olha que nem faz tanto tempo assim. 
Ainda não me sinto madura o suficiente para a vida adulta, mas também não me vejo mais reagindo a vida da mesma forma que eu fazia no ensino médio. Quantas bocas eu beijo ou não, se eu estou apaixonada ou não, quem está saíndo ou deixando de sair com quem, nada disso me importa mais. Aí é que minha mente entra em parafusos, porque eu não sei dizer claramente o que é que tanto me importa agora. 
Não sei mais escrever romances, não sei escrever sobre trocas de olhares e primeiros encontros. Não é que eu não sinta isso tudo, é só que agora eu sinto mais. 
Já tive um blog antes desse com milhões de textos de amor, dos quais me orgulho muito. Vocês podem conferir clicando nesse link http://barradosno-baile.blogspot.com.br/  Eu poderia ter simplesmente o reativado, mas preferi começar de novo. E para começar de novo o melhor seria mudar o nome, mas acontece que o novo nunca anula a nossa essência. Eu não sei bem do que se trata essa versão 2.0 do Barrados no baile, acho que vocês vão acabar descobrindo comigo. Só sei que aqui dentro existem milhões de histórias que precisam sair. 
E é claro, para marcar o início dessa mudança eu decidi cortar uma franja, depois de quase 16 anos desde a última vez em que tive uma. Aconteceu debaixo de muitos protestos e incertezas. E eu tenho certeza de que isso também vai acontecer com as próximas mudanças. E virão muitas. 

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